quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Três histórias do Futuro - Luísa Ducla Soares


Que grande furo


Corriam os meados do século vinte, a câmara mandou abrir um buraco monumental, em Lisboa, no Rossio.
Quando faziam a inaguracão do buraco do metropolitano, descobriram a maior jazida de petróleo mundial.
Muitos países vinham comprar petróleo a Portugal.
Portugal recebeu muito dinheiro. Com os lucros do petróleo passou-se a importar mão-de-obra, mais tarde as crianças ficaram analfabetas porque ninguém queria trabalhar.
Quando os outros países desistiram do petróleo e procuraram energias alternativas, Portugal ficou sem dinheiro, sem bens, sem cultura, sem educação, sem património, poluído e com muitas doenças e mortes.
O presidente decidiu vender o país e fugiu com o dinheiro para o Brasil.


Século XXVII cidade de Alcochete

No século vinte e sete, na cidade de Alcochete, vivia o Sr. Roquete que vendia sabonetes.
A cidade de Alcochete tinha cheiro de esgotos, e havia muitas pessoas a comprar sabonetes na loja do Sr. Roquete.
Até que um dia, o Sr. Roquete tinha ficado rico com tantos sabonetes vendidos e comprou um prédio, um carro e um foguetão.
Mas, o ar da cidade de Alcochete tornou-se tão irrespirável que as pessoas passaram a usar mascaras de oxigénio e os animais também.
Mais tarde, o Sr. Roquete verificou que já não podia ver a televisão, saltou para o seu foguetão e viajou, foi parar a um planeta de ar fresco e leve.
Construiu uma cabana, semeou horta, plantou pomar e sentia-se muito feliz.
Até que viu um foguetão chegar, lá dentro estava um homem que tinha saído da cidade de Alcochete.
Então, começaram a vir muitas pessoas para esse planeta.
Um mês depois, iniciaram as escavações para alicerces, asfaltaram-se ruas, montaram-se esgotos. Começaram a deitar abaixo os primeiros limoeiros, construíram arranha-céus, transformaram os campos de ananases em fábricas e taparam-se com lixeiras quilómetros de manjericos.
Até que um dia, um chapéu de fumo entrou pelas janelas das casas e impediu o Sr. Roquete de ver televisão.
Depois ele foi de novo para o seu foguetão, acelerou e regressou à cidade de Alcochete.
Os automóveis tinham enferrujado, os prédios eram gigantes silenciosos e em cada chaminé havia um ninho de cegonhas.
Ele foi andado pelas ruas até ao rio que estava limpidamente azul e onde subia o livre perfume da maresia.



Um filho por encomenda

D. Malaquias era o mais avançado de todos os reis.
Logo de manhã, um robô entrava-lhe no quarto estendendo-lhe um tabuleiro com o pequeno-almoço.
Mal entrava na casa de banho, um duche automático disparava do tecto e uma mão automática esfregava-o de alto a baixo. Depois, parava a água, recolhia a mão e começava a soprar simultaneamente 300 jactos de ar quente. Ficava seco num instante.
Naquele Reino havia máquinas para fazer chuva, máquinas para fazer sol, máquinas que faziam vento e máquinas que faziam o nevoeiro.
Naquela monarquia só havia um problema o rei não escolhera rainha, não havia herdeiros. Nenhuma mulher lhe agradava.
Então, o rei reuniu os seus sábios e os engenheiros mais engenhosos e disse que queria uma máquina que produzisse um príncipe perfeito. Ao cabo dos mil dias, a máquina estava pronta.
Mais tarde, no primeiro segundo do primeiro minuto do dia 1 de Janeiro de 2321, foi retirada da máquina-mãe o príncipe prefeito.
D. Malaquias condecorou os seus sábios enquanto o pediatra entregava o bebé à nova máquina, que deveria criá-lo de acordo com a mais moderna tecnologia.
Depois, os progressos do príncipe ultrapassaram as expectativas.
Mais tarde, o menino adoeceu e levaram-no para o hospital.
Um dia, na hora da saída das visitas o príncipe agarrou no primeiro casaco que encontrou e pôs-se a vaguear pelos corredores e, depois pelas ruas.
No dia seguinte, encontraram-no num banco de jardim estava irreconhecível, por isso, não sabiam que era ele.
O jornal do Reino publicou logo uma notícia a dizer que o príncipe tinha desaparecido do hospital e também tinha uma notícia a dizer que estava um rapaz abandonado num banco de jardim.
Mais tard,e D. Malaquias viu a notícia do rapaz abandonado e mandou que lhe trouxessem o menino.
Trouxeram o menino até ao rei. O rei colocou-lhe algumas perguntas e descobriu que era ele o príncipe perfeito.
Ficou muito contente por encontrar o príncipe de novo.
Só que, o príncipe queria ter um nome como todas as pessoas tinham.
O rei deu-lhe o nome de Felício Máquina Malaquias.


Andreia Silva

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